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Por que os animais se fingem de mortos? Conheça a tanatose
O nosso planeta está repleto de criaturas extraordinárias, cada uma com suas habilidades únicas e surpreendentes. Algumas conseguem voar por grandes distâncias, outras correm com uma velocidade impressionante, e há aquelas que usam a audição para “enxergar” no escuro, como se tivessem um radar embutido.
Mas, entre todos esses superpoderes da natureza, talvez o mais inusitado seja a capacidade de se fingir de morto. A tanatose animal, como é chamada, transforma bichos comuns em verdadeiros artistas da sobrevivência, capazes de enganar até os predadores mais atentos com uma performance digna de aplausos.
O que é e para que serve a tanatose?
A tanatose é um comportamento adotado por diversos animais como mecanismo de defesa. Em termos simples, trata-se do ato de se fingir de morto, uma estratégia que confunde predadores e aumenta as chances de sobrevivência. O termo vem do grego “Thanatos”, que significa morte, e descreve esse estado de imobilidade extrema diante de uma ameaça.
Fisicamente, a tanatose é desencadeada por um pico de estresse que ativa o sistema nervoso parassimpático, responsável por respostas de “congelamento” em vez de fuga.
Assim, o corpo do animal entra em uma espécie de transe. Os músculos relaxam, a respiração desacelera e os batimentos cardíacos diminuem significativamente, mas não chegam a parar completamente. É como se o animal desligasse momentaneamente, sem perder a consciência de forma total.
Fisiologicamente, essa reação é controlada por áreas do cérebro que lidam com o medo e a sobrevivência, como a amígdala e o tronco encefálico.
O animal não “acredita” que está morto, mas entra num estado automático, instintivo, do qual muitas vezes só sai quando percebe que o perigo passou. A duração da tanatose pode variar: em alguns insetos, dura poucos segundos; em vertebrados como a zarigueia, pode durar vários minutos.
Esse tipo de comportamento evoluiu porque predadores, em muitos casos, preferem presas vivas. Quando um animal se finge de morto, pode perder o interesse do predador ou ser deixado de lado, aumentando as chances de fuga.
Há também casos em que a tanatose é usada para evitar interações sociais indesejadas, como acasalamentos forçados, como foi observado em rãs que se fingem de mortas para escapar de machos insistentes.
Quais animais se fingem de mortos?
Diversos animais, dos mais simples aos mais complexos, utilizam a tanatose como forma de se proteger. Entre os mais conhecidos está a zarigueia, que chega a liberar um cheiro semelhante ao de carne em decomposição enquanto permanece imóvel. O besouro-de-terra, ao ser ameaçado, simplesmente trava todos os movimentos e parece morto por alguns segundos.

Outros exemplos incluem o peixe-espada, que afunda no fundo da água e permanece estático; algumas cobras, como a cobra-rei-falsa, que se contorce e fica de barriga para cima; e até coelhos, que ao se sentirem encurralados, podem congelar completamente. Entre os insetos, o bicho-pau é um mestre da imobilidade, usando a tanatose para parecer parte do ambiente.
Na maioria desses casos, o comportamento é involuntário e profundamente enraizado no sistema nervoso. Ele representa uma estratégia evolutiva eficiente, principalmente em situações em que correr ou se esconder não é uma opção. Estudos mostram que essa simulação de morte é mais comum em animais solitários, que não contam com a proteção de um grupo para sobreviver a ataques.
Com informações de ScienceDirect.
