Tragédia familiar ressalta a urgência do combate à violência e a busca por justiça em momentos de dor.

Na manhã de quinta-feira, 16 de janeiro de 2025, a vida de Oscelina Moura Neves de Oliveira, uma dedicada empregada doméstica de 45 anos, mudou para sempre em segundos. O que deveria ser uma rotina comum transformou-se em um pesadelo quando ela se viu em meio a um ato de violência extrema, resultando em sua morte. O som dos tiros, a sensação aterradora de urgência e o desespero ecoaram na mente de seu marido, Davi Roque, que recebeu uma ligação de sua esposa pedindo socorro: “Pelo amor de Deus, vem rápido, aconteceu uma tragédia”.

Davi lembra desse momento como se fosse ontem. A voz de Oscelina, quase um sussurro, carregava um peso emocional que ele jamais esqueceria. Enquanto ela tentava se manter firme após ser baleada pelo delegado Mikhail Rocha e Menezes, Davi sentiu o coração disparar e a adrenalina correr por suas veias. Ele rapidamente entrou em contato com seu filho de apenas 13 anos, que estava trabalhando com a mãe naquele dia. “Ele ouviu os tiros, mas não viu o que aconteceu. A última coisa que ela conseguiu dizer foi para ele correr e se esconder. Não consigo imaginar o que passou pela cabeça dele naquele momento”, relata Davi, ainda em choque.

Antes de atingir Oscelina, o delegado disparou contra sua esposa, Andréa Rodrigues Machado e Menezes, 40 anos, em um contexto que sugere uma crise intensa. Após os disparos, ele se dirigiu a um hospital onde mais violência ocorreu, atingindo Priscilla Pessôa Rodrigues, uma enfermeira de 45 anos. O Estado de saúde de Oscelina era grave, com um projétil atingindo seu rim, intestino e estômago. Davi assistiu impotente à luta da mulher pela vida.

“O que dói é saber que minha mulher está em uma situação tão crítica por conta de um ato insano. Uma das balas estourou o rim dela, não presta mais. E o que dói mais é saber que isso foi causado por alguém que deveria nos proteger”, desabafa Davi, com lágrimas nos olhos enquanto tenta encontrar forças para encarar o que está por vir.

A tragédia envolveu, acima de tudo, a fragilidade da vida e a luta pela justiça. Davi não apenas clama por respostas, mas também pela necessidade desesperada de um mundo mais seguro para sua família e para todas as mulheres que, como Oscelina, enfrentam a violência sem aviso. “Ela é uma mulher forte, batalhadora. O que aconteceu é inaceitável. Esse tipo de violência não pode ser normalizado”, conclui.

Este episódio inexorável evidencia uma problemática social que se alastra, onde a vida de pessoas comuns é dilacerada por ações desmedidas e impensáveis. Oscelina, uma mulher que sonhava com um futuro melhor para sua família, agora se encontra em um leito hospitalar lutando contra a morte, enquanto seu marido e filho se agarram à esperança de um milagre. Essa é apenas uma entre tantas histórias que trazem à tona a urgência de enfrentarmos a violência e buscarmos um caminho para a paz e a dignidade humana.