O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), acredita que o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode dar um fôlego e ânimo ao projeto de anistia. Em entrevista à coluna, Ramuth falou em “abertura para discussão” do tema após a fala de Fux e se colocou a favor do texto, mas ressaltou que é preciso entender qual o projeto “possível”. “O voto do ministro Alexandre de Moraes foi técnico, mas também político. Tem exageros. Assim como o voto de Fux. Técnico, expôs exageros, mas também foi político”, disse. “Por isso, o projeto de lei da anistia também tem que ser técnico-político, para que não seja questionado depois, inclusive pelo próprio STF. A resposta tem que ser na mesma moeda. É preciso fazer o texto possível”, explica.
Ele também abriu a possibilidade para uma eventual anulação do processo em outro momento. “Já vimos isso acontecer e não faz tanto tempo. A posição de Fux mostra que, eventualmente, em uma nova formação do STF, podemos ter até uma anulação do que está acontecendo”. O vice-governador de São Paulo disse que apoiará o texto que for desenhado pelo Congresso, já que os parlamentares são “os verdadeiros representantes do povo, muito mais do que nós, do Executivo, ou mesmo da Corte, que nem foram eleitos”.
PSD Dividido
Sobre a possibilidade do partido dele, o PSD, de Gilberto Kassab, fechar questão sobre o texto, Ramuth descarta. “Nós temos membros do PSD ligados à esquerda, ligados à centro-direita, cada um tem suas ideias. Nunca vi o Kassab impor algo a ninguém”, falou. “Isso tem o lado positivo e o não tão positivo assim, porque nós dificilmente temos uma posição fechada”, explicou, afirmando que a tenência é que o PSD se divida sobre o assunto. “É parecido com o MDB. Não diria que é difícil, diria que é impossível chegar a um consenso”.
Felício Ramuth, inclusive, usou as eleições de 2026 como exemplo: “Se tivermos, no ano que vem, Ratinho Jr. [governador do Paraná presidenciável do PSD] e Tarcísio concorrendo, provavelmente não teremos posição única”, disse.