Geral
Progressista, Papa Francisco desafiou conservadores e tradições
O papa Francisco, líder da Igreja Católica que faleceu na madrugada desta segunda-feira (21/4) aos 88 anos, ocupava a função desde 2013. Ele estava em estado crítico e havia passado por uma transfusão de sangue, conforme informou o último boletim divulgado pelo Vaticano antes da confirmação da morte.
Francisco se destacou como um líder progressista. Em 2014, mediou negociações entre os então presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, em um esforço para reaproximar os dois países. O diálogo, que envolvia a troca de prisioneiros, foi interrompido após a posse de Donald Trump na Casa Branca.
Durante seu pontificado, a Igreja Católica avançou na acolhida a pessoas LGBTQIA+. Em dezembro de 2023, Francisco autorizou a bênção a casais do mesmo sexo, contrariando a doutrina tradicional da Igreja, que condena a união homossexual.
A decisão gerou forte reação da ala conservadora do clero. Como forma de equilíbrio, Francisco permitiu que padres se recusassem a realizar a bênção, mas proibiu que impedissem fiéis “em qualquer situação” de buscar a ajuda de Deus por meio desse ato simbólico.
A medida já havia sido sinalizada meses antes, quando o papa respondeu a cinco cardeais conservadores da Ásia, Europa, África, Estados Unidos e América Latina, abrindo a possibilidade para a bênção a casais do mesmo sexo.
Francisco destacou, na ocasião, que “a caridade pastoral deve permear todas as nossas decisões e atitudes”, ressaltando que “não podemos ser juízes que apenas negam, rejeitam e excluem”.
Sensibilidade
Em 2015, por exemplo, publicou a encíclica Laudato Si’, na qual emitiu alertas para o impacto da degradação ambiental no mundo, além de criticar o consumismo “desenfreado”. Na ocasião, o papa defendeu que os países ricos assumissem responsabilidades maiores na preservação do meio ambiente, também ajudando nações mais pobres a lidar com as consequências do aquecimento global.
Outro ponto sensível abordado pelo pontífice foi a crise migratória. Em diversas ocasiões, o papa criticou políticas anti-imigração adotadas por países europeus e pelos EUA, pedindo acolhimento para refugiados. Em 2016, Francisco chegou a levar três famílias sírias para o Vaticano após ter ido visitar um campo de refugiados na Grécia. O gesto, na ocasião, ficou marcado como simbólico e sensível pela imprensa internacional.
Já em 2019, ele reconheceu publicamente abusos cometidos por membros da Igreja contra freiras. Na ocasião, o documento divulgado pelo Vaticano citava que era necessário agir com mais rigor e punir os responsáveis — no mesmo ano, decretou que todos os casos de abuso sexual dentro da Igreja fossem denunciados.
