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Por que sentimos “choque” ao bater o cotovelo?
Quase todo mundo já viveu esse momento desconfortável: ao bater o cotovelo em um canto de parede ou em alguma quina, uma dor aguda e eletrizante percorre o braço até a mão.
Esse fenômeno é popularmente chamado de “choque no cotovelo”, mas seu nome técnico está diretamente ligado a uma estrutura anatômica essencial do nosso corpo: o nervo ulnar.
O que é o nervo ulnar?
O nervo ulnar é um nervo misto, ou seja, possui funções motoras e sensitivas. Ele se origina no fascículo medial do plexo braquial, que é formado pelas raízes espinhais C8 e T1. Essas raízes nervosas saem da medula espinhal na região da coluna cervical (pescoço) e torácica (parte superior das costas), fazendo parte do sistema nervoso periférico. Elas são fundamentais para a formação de vários nervos que controlam o braço, a mão e partes do ombro.

O nervo ulnar percorre todo o braço, passa pelo cotovelo, desce pelo antebraço e chega até a mão, sendo responsável tanto pelo movimento de alguns músculos quanto pela sensação em parte da pele dessas regiões.
Funções do nervo ulnar
O nervo ulnar têm funções motoras e sensitivas.
Motoras
O nervo ulnar controla vários músculos do antebraço e da mão, entre os quais se destacam:
- Flexor ulnar do carpo: responsável pela flexão do punho.
- Flexor profundo dos dedos (metade medial): atua na flexão dos dedos anelar e mínimo.
- Músculos intrínsecos da mão: como os músculos interósseos e os lumbricais mediais, que possibilitam movimentos finos e precisos dos dedos.

Sensitivas
No aspecto sensorial, o nervo ulnar inerva:
- A metade medial da palma da mão e do dorso da mão.
- O dedo mínimo e metade do dedo anelar, tanto na face palmar quanto na dorsal.
Trajeto anatômico: por que o cotovelo é tão sensível?
O nervo ulnar faz um caminho extenso e sinuoso pelo nosso corpo. No cotovelo, ele passa por uma estrutura chamada túnel cubital, situada atrás do epicôndilo medial do úmero, aquele ossinho que sentimos saliente na parte interna do cotovelo.

Nesse ponto, o nervo fica muito superficial, ou seja, protegido apenas pela pele e por um mínimo de tecido. Por isso, quando batemos exatamente nessa área, o nervo é pressionado contra o osso, resultando na dor intensa e formigamento característicos, que lembram uma descarga elétrica.
O “choque” é perigoso?
Na maioria das vezes, esse incômodo é passageiro. A sensação ocorre por compressão temporária do nervo ulnar, o que afeta sua função sensorial momentaneamente. No entanto, se houver dor frequente, dormência persistente nos dedos mínimos e anelares ou perda de força, pode ser sinal de uma compressão crônica, como na síndrome do túnel cubital, exigindo avaliação médica.

Lesões e sintomas mais comuns
O nervo ulnar pode ser lesionado em vários pontos do seu trajeto, especialmente no:
- Cotovelo (atrás do epicôndilo medial);
- Túnel cubital (região do cotovelo);
- Canal de Guyon (no punho, entre o pisiforme e o hamato).
Os sintomas incluem:
- Dormência e formigamento nos dedos mínimos e anelares;
- Dor ao apoiar o cotovelo por muito tempo;
- Dificuldade para realizar movimentos delicados com os dedos;
- Perda de força na mão e no punho.
Uma das consequências mais visíveis de lesão grave é a “mão em garra”, uma deformidade em que os dedos mínimo e anelar ficam curvados mesmo em repouso, causada pela perda da função muscular adequada.

Causas frequentes de lesão
Além de pancadas acidentais, há outras situações que favorecem lesões ou compressões do nervo ulnar:
- Apoiar o cotovelo por longos períodos (como ao dirigir com o braço na janela);
- Esportes com movimento repetitivo de braço, como tênis e beisebol;
- Ciclismo prolongado, com compressão na região do punho;
- Fraturas do cotovelo, especialmente no epicôndilo medial.

Em resumo, o nervo ulnar é delicado e exposto em pontos estratégicos do corpo, sendo vital para movimentos precisos e sensações na mão. Entender sua anatomia e funcionamento ajuda não só a explicar fenômenos comuns, como também a identificar sinais de possíveis lesões mais sérias.
Em caso de dor persistente ou perda de função, é importante procurar um médico neurologista ou ortopedista para avaliação especializada.
