São Paulo — O agente penitenciário que levou pelo menos três tiros nas costas na manhã dessa segunda-feira (28/10) na zona sul da capital sobreviveu após uma placa balística que estava em sua mochila amortecer o impacto de pelo menos dois projéteis. Os disparos perfuraram a placa e o tecido da mochila e atingiram o policial penal.
Ele foi encontrado por um colega, que chamou socorro. O agente penitenciário foi levado para o Hospital Municipal de Parelheiros, onde passou por cirurgia e permanece internado.
De acordo com o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional (Sifuspesp), os disparos atingiram o intestino, a bexiga e a veia cava. Apesar disso, a vítima não corre risco de morrer.
O agente penitenciário baleado trabalha na Penitenciária de Parelheiros, onde foi interceptado um manuscrito atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em 17 de setembro. O suposto “salve” pedia que presos levantassem endereços de carcereiros para possíveis ataques.
Questionada pelo Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que o crime foi uma tentativa de latrocínio. O caso foi registrado no 101º Distrito Policial. A moto da vítima foi levada.
O sindicato, no entanto, afirma que o agente penitenciário baleado relatou que o atirador não anunciou assalto antes de efetuar os disparos.
O ataque a tiros ocorreu por volta das 6h na rua Paulo Guilguer Reimberg, estrada de terra próxima a uma área de mata. Até onde se sabe, não havia testemunhas no local.
Salve
O manuscrito interceptado na Penitenciária de Parelheiros prometia “represálias na rua” como resposta “ao que estão fazendo” com o “irmão Marcola”.
“Tomaremos nossas providências […] deixando um papo para que, dentro desses 30 dias, determinamos os irmão faça acontecer e chegar em nossas mãos, aguardando esse levantamento como caráter de urgência [sic]”, diz o texto.
Segundo o bilhete, os criminosos responsáveis pelos presos de pavilhões ou raios deveriam informar, com “caráter de urgência”, se as unidades onde estão presos há bloqueadores de sinal de celular, além de condições de não deixar rastros ou provas da articulação feita para os eventuais ataques.
PM minimiza
Integrantes da cúpula da Polícia Militar de São Paulo minimizaram o suposto salve interceptado em Parelheiros, tratando ataques a agentes de segurança como casos esporádicos. Em 16 de outubro, o comandante da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas, disse que não havia indícios de que o manuscrito encontrado era obra da facção.
“Não há nada que indique que está tendo ‘salve’ de organização criminosa”, disse ele na época.
Outros comandantes chegaram a levantar a hipótese de que o manuscrito tenha partido de agentes penitenciários.