Parlamento Europeu aplaude ideia de suspender acordo com Israel, mas não fala em genocídio

O Parlamento Europeu respaldou nesta quinta-feira a proposta de Bruxelas para suspender parcialmente o acordo de associação entre a União Europeia (UE) e Israel e frear a ajuda bilateral comunitária a este país, embora não tenha conseguido um consenso para se referir ao cerco israelense na Faixa de Gaza como um genocídio, apesar da tentativa das forças progressistas. O texto, não vinculante, foi aprovado com 305 votos a favor, 151 contra e 122 abstenções.

O amplo apoio da Eurocâmara ao texto chega depois de quase três dias de negociações contínuas nos quais o Partido Popular Europeu (PPE) chegou a se desvincular do texto para o qual seu negociador, Antonio López Istúriz, havia contribuído junto a seus homólogos dos social-democratas, verdes e da esquerda.

No entanto, a situação mudou após as falas da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Discurso do Estado da União Europeia, onde a alemã propôs suspender parcialmente o acordo de associação, sancionar os ministros israelenses extremistas e os colonos violentos e frear a ajuda bilateral a Israel.

Fontes populares assinalaram que a bancada do partido, incluindo a própria CDU alemã, não estava ciente do que Von der Leyen ia anunciar e foi somente após o discurso que se decidiu voltar à mesa de negociação para que a linha do PPE na Eurocâmara não divergisse em excesso da que a presidente da Comissão Europeia acabava de apresentar. Das mais de 50 emendas apresentadas inicialmente, boa parte foi retirada durante a manhã e outras, como as que continham as referências ao genocídio, foram rejeitadas.

O PPE conseguiu aprovar algumas emendas para reduzir a ambição da resolução, eliminando, por exemplo, a menção à “contínua escalada da guerra em Gaza ocasionada pelas operações militares israelenses” para substituí-la por “as contínuas operações militares na Faixa de Gaza”, que não menciona especificamente Israel.

Além disso, eliminou duas referências a que a fome em Gaza é “provocada” e outra a que alguns ministros israelenses, para os quais pedem sanções europeias, “reivindicam abertamente ações genocidas”. Finalmente, o genocídio fica mencionado unicamente em uma exposição de fatos sobre o caso apresentado pela África do Sul perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a aplicação da Convenção para a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza.

No texto pactuado, os eurodeputados expressam sua preocupação com “a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza”, instam a proteger e assegurar a distribuição de ajuda humanitária, pedem um cessar-fogo permanente e imediato e exigem a libertação de todos os reféns ao mesmo tempo em que condenam os crimes do Hamas contra Israel.

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A extensa resolução é a primeira sobre a situação em Gaza em mais de um ano de legislatura.

*Com informações da EFE
Publicado por Fernando Dias