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O samba do PT: não deixe a polarização morrer, não deixe ela acabar

Foi um divertimento acompanhar a cobertura jornalística sobre a derrota nas eleições municipais do PT e adjacências, consagrada ontem com os resultados do segundo turno.

Os comentaristas televisivos estavam especialmente aparvalhados com o tamanho do fracasso de Guilherme Boulos em São Paulo. Na sua falta de rumo, enfatizavam a derrota do bolsonarismo raiz nas capitais para uma direita fofinha, todos em busca de um empate menos desonroso para o lulismo.

No embalo para proclamar o empate, já se foi decretando o fim da polarização ou o início do seu fim, vá lá, como se houvesse possibilidade de o PT não vir a radicalizar na eleição presidencial e definir qualquer adversário — qualquer um, repita-se — como fascista, extremista de direita, racista, entreguista, vendido, neoliberal perverso, representante das elites exploradoras do povo e delicadezas que tais.

Lembrem-se, amiguinhos, de que foi o PT a disseminar o rancor do “nós contra eles”, e isso foi bem antes da ascensão de Jair Bolsonaro, quando o seu principal oponente era aquele Mussolini chamado Fernando Henrique Cardoso. Os bolsonaristas toparam o jogo e cresceram nele.

O PT é um partido de extrema esquerda eleitoral, que difere pouco da extrema direita eleitoral. Muito radical nas campanhas e, uma vez no poder, disposto a se compor com os exploradores do povo da campanha terminada na semana anterior, porque o patrimonialismo sempre fala mais alto, não importa o sinal ideológico, e o sistema político brasileiro é o da geleia geral. Menos mau, porque o pior é quando o PT encontra um jeito de aplicar um pedacinho do seu programa.

O dado tão pitoresco quanto revelador é que os mesmos comentaristas que decretaram o fim da polarização ou o início do seu fim, vá lá, já começaram a pintar Tarcísio de Freitas, grande vencedor em São Paulo e provável candidato da direita ao Palácio do Planalto, em 2026, com as tintas escuras de bolsonarista raiz — em sintonia com o PT, que nunca deixou de considerá-lo como tal, haja vista uma entrevista recente de Fernando Haddad à Folha de S.Paulo.

Como é que Tarcísio de Freitas pode ter voltado a ser bolsonarista raiz, se pouco antes era tido como um dos fofinhos que derrotaram Jair Bolsonaro? É que ele disse, com as urnas ainda abertas para votação, que a inteligência da administração penitenciária havia interceptado um “salve” do PCC que orientava o voto em Guilherme Boulos.

Escândalo para os acusadores! Tarcísio de Freitas “rasgou a fantasia”, revelou ser como o seu padrinho político  e, assim, joga sujo, não tem escrúpulos, trata o adversário como inimigo, divulga fake news, cometeu crime eleitoral — como se o PT e Guilherme Boulos houvessem mostrado melindre ao repetir continuamente, sem provas,  que Ricardo Nunes estava no bolso do PCC e que o candidato apoiado por Tarcísio de Freitas era representante dos espancadores de mulheres. Para não falar da live com Pablo Marçal, capítulo curto, mas empolgante, da história paulista da infâmia.

Tudo de uma conveniência ululante. Não deixe a polarização morrer, não deixe a polarização acabar, o PT foi feito de polarização, de polarização para gente polarizar. Esse é o samba de uma nota só do PT e da imprensa imparcial que o apoia.

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