No dia 2 de outubro de 1960, o sonho da diretoria do São Paulo Futebol Clube de ter um estádio próprio virou realidade. Autoridades, esportistas e torcedores compareceram em peso naquele domingo para assistir ao duelo entre o time da casa e o Sporting, de Portugal. O Tricolor venceu por 1 a 0, gol de Peixinho. Na época, o estádio ainda não tinha os três “anéis” completos e a obra só foi concluída totalmente dez anos depois. A construção começou em 1953, em uma região que ainda era “distante” do crescimento desordenado da maior cidade do Brasil. O Canindé, na Marginal do Tietê, antiga sede do clube, foi vendido para a Portuguesa em 1956 e o dinheiro foi praticamente todo revertido ao trabalho de erguer o Morumbi.
Foi um período em que o São Paulo Futebol Clube deixou o time em segundo plano. O tricolor amargou uma fila sem títulos: de 1957 a 1970. O site oficial da agremiação destaca: “O Estádio Cícero Pompeu de Toledo se encontra hoje em um bairro nobre da capital paulista, mas nem sempre foi assim. A região foi desenvolvida pelo próprio estádio que, enquanto era construído, encontrava-se em meio ao nada. O terreno sobre o qual se ergue o gigante Morumbi foi, até meados dos anos 50, uma área alagadiça e de mata fechada, do ‘outro lado’ do rio Pinheiros e fora do núcleo urbano paulistano — em suma, longe de tudo e de todos”. A população da cidade encarava a obra com desconfiança por ser feita “no meio do nada”.
Inicialmente, havia uma previsão de que o estádio pudesse ser construído na região do Ibirapuera, mas a ideia não foi para frente. O projeto foi idealizado pelo arquiteto Vilanova Artigas, um dos grandes nomes da área no Brasil. O Morumbi, originalmente, tinha capacidade para 150 mil torcedores, mas, com o passar dos anos, foi adaptado para cerca de 70 mil, por questões de segurança. Por anos, reinou como o maior estádio particular do mundo, mas ainda é o principal do país no setor privado.
O gol do jogador Peixinho, o primeiro do Morumbi, foi descrito pela Gazeta Esportiva Ilustrada: “(…) Partindo a ação no flanco esquerdo, com Canhoteiro e Gino. Deste a bola rolou para Fernando Sátyro, isolado nas proximidades da área. O médio preferiu não cerrar, largando passe largo para a direita onde se achava deslocado Jonas, que executou um centro a meia altura. A bola foi encontrar Peixinho na pequena área, envolvido por vários adversários. Enquanto estes ficavam na expectativa, o “filho de Peixe” testou baixo para as redes de Anibal. (…).”
Em tamanho, o Morumbi desbancou o Pacaembu, inaugurado em 1940, e que leva, por coincidência, o nome de Paulo Machado de Carvalho, dirigente do São Paulo que se empenhou justamente pela construção do estádio tricolor.