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México elege juízes em votação inédita marcada por baixa participação e críticas à independência da Justiça

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Medida faz parte de uma ampla reforma constitucional proposta pelo governo de esquerda; oposição enxerga tentativa de controle do Judiciário

Luis Villalobos/EFE
Uma mulher vota nas eleições judiciais neste domingo (1º), em Tehuantepec, no México

Com indícios de baixa participação popular, o México realizou neste domingo (1º) eleições inéditas para a escolha de juízes em todo o país. Cerca de 2.680 cargos foram submetidos ao voto popular, incluindo ministros da Suprema Corte e juízes de primeira instância. A medida faz parte de uma ampla reforma constitucional proposta pelo governo de esquerda e defendida como um passo contra a corrupção no Judiciário. A votação, no entanto, gerou preocupações entre especialistas e parte da população. A principal crítica é sobre a possível perda de independência do Poder Judiciário frente a partidos políticos e ao crime organizado.

Durante o pleito, observadores relataram baixa adesão. Segundo funcionários de seções eleitorais na Cidade do México, menos de 10% dos eleitores registrados haviam comparecido na primeira metade do dia. A taxa oficial de participação deve ser divulgada apenas à meia-noite (horário local). “Você não conhece os candidatos, exceto os que faziam vídeos no TikTok”, comentou a advogada Leslie Moreno, de 30 anos, ao destacar a dificuldade em avaliar os concorrentes.

A eleição marcou ainda o retorno do ex-presidente Andrés Manuel López Obrador (2018–2024) à cena pública, após oito meses afastado. Ele foi o idealizador da reforma que permite a eleição direta de juízes. Sua sucessora, a atual presidente Claudia Sheinbaum, votou na capital e defendeu a iniciativa como um mecanismo de combate à corrupção e à impunidade. “Nada mais falso”, disse ela sobre as acusações de que o processo beneficia o partido governista.

A oposição, por outro lado, vê a mudança como uma tentativa de controle do Judiciário pelo Executivo. Em protesto, centenas de pessoas marcharam na Cidade do México. “Era o último contrapeso que tínhamos contra o totalitarismo”, afirmou Ismael Novela, de 58 anos. Especialistas alertam que o novo formato pode facilitar a infiltração do crime organizado na Justiça. Margaret Satterthwaite, relatora especial da ONU para independência de juízes e advogados, afirmou que a eleição direta “traz o risco de o eleitorado não escolher com base no mérito”.

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O governo rebate as críticas dizendo que a corrupção já está presente nas cortes e que a escolha direta aumenta o escrutínio público. Para se candidatar, era necessário ter diploma em direito, experiência profissional, reputação ilibada e ficha criminal limpa. O Instituto Nacional Eleitoral classificou o pleito como um “desafio sem precedentes” e estima que a participação deve variar entre 13% e 20% do eleitorado. Em 2027, outros 4 mil cargos devem passar por processo semelhante.

*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira





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