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Mauro Cid x Braga Netto: entenda as divergências dos depoimentos após acareação no STF
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil ficaram frente a frente para confrontar suas versões na ação da suposta trama golpista nesta terça-feira (24) em Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, mantiveram suas versões nesta segunda-feira (24), na acareação no Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois ficaram frente a frente para confrontar suas versões sobre pontos divergentes dos depoimentos que prestaram anteriormente na ação dos ataques de 8 de Janeiro. As divergências giram em torno de dois episódios: uma reunião na casa do ex-ministro, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, e a suposta entrega de dinheiro por Braga Netto para financiar um plano de prisão e execução de autoridades.
O que diz Mauro Cid?
O tenente-coronel afirma que o encontro na casa do ex-ministro foi previamente agendado para debater medidas contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alega que não acompanhou o teor das conversas porque saiu antes do fim do encontro para preparar uma reunião para Bolsonaro. Em um primeiro momento, Cid justificou que “pareceu que a reunião era mais uma no sentido de mostrar a insatisfação contra o resultado das eleições, porém que não passaria de mais uma bravata”. Ele também alegou que percebeu que o encontro era “algo mais sério” quando tomou conhecimento do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa a execução de autoridades como Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes. Mauro Cid alega ter recebido uma sacola de vinho com dinheiro das mãos do general no Palácio do Alvorada. Os recursos seriam usados para bancar os acampamentos em frente aos quartéis, segundo o tenente-coronel. Braga Netto nega ter entregado dinheiro ao ex-ajudante de ordens.

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O que diz Braga Netto?
Já Braga Netto alega que o tenente-coronel apareceu de surpresa em seu apartamento funcional, em Brasília, acompanhado dos coronéis Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira, das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, e que os coronéis foram apenas cumprimentá-lo e que todos foram embora juntos. A defesa de Braga Netto questionou Mauro Cid nesta terça a respeito da alteração em sua versão sobre a reunião. No primeiro depoimento à Polícia Federal, ele declarou que a reunião na casa do ex-ministro ocorreu apenas porque Rafael Martins queria “tirar uma foto” com o general.
Nesta terça, Mauro Cid afirmou que a sacola estava lacrada e que não chegou a ver o dinheiro, mas que o próprio Braga Netto afirmou que a quantia deveria ser usada para bancar os acampamentos. Ele afirmou que calculou o valor aproximado pelo peso da sacola, mas que em momento nenhum ela foi aberta. O ex-ajudante de ordens também afirmou que não mencionou a transação no primeiro depoimento porque ainda estava em “choque” após as prisões de antigos aliados na investigação. Questionado pela defesa de Braga Netto sobre o local exato da entrega do dinheiro, Mauro Cid não soube responder. Disse que poderia ter sido em uma das três áreas onde mais transitava no Palácio do Alvorada: a garagem privativa, a sala da ajudância de ordens ou o estacionamento ao lado da piscina.
“Também indagado pelo advogado do réu Braga Netto, o réu colaborador, disse se recordar que o dinheiro foi recebido pela manhã, sem exatamente lembrar o horário, e que a entrega não foi presenciada por mais ninguém e que não possui provas materiais do recebimento do dinheiro”, diz um trecho da ata da acareação. A audiência não foi gravada por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, para “evitar pressões indevidas, inclusive por meio de vazamentos pretéritos do que seria ou não perguntado aos corréus”.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Sarah Paula
