Tatiana Pimenta
Por que afastamentos por saúde mental continuam subindo?
Aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de Burnout, tornando o Brasil o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo
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Entra ano, sai ano, e alguns desafios da sociedade continuam a ser deixados de lado. Ou pelo menos não estão sendo tratados com a importância e a seriedade que o tema exige. O impacto dos transtornos de saúde mental no trabalho é um deles. Os números estão aí para comprovar: em 2023, o INSS registrou 288.865 afastamentos por trabalho causados por transtornos mentais, um crescimento de impressionantes 38% em relação ao ano de 2022.
Os dados do Ministério da Previdência Social trazem os motivos de afastamento mais frequentes: depressão, ansiedade, transtorno de adaptação e síndrome de Burnout. Em 2023, conduzimos na Vittude o estudo “Panorama de saúde mental nas organizações brasileiras”, que reuniu dados de mais de 24 mil pessoas da nossa base de clientes que responderam ao DASS-21, questionário que mensura os níveis de depressão, estresse e ansiedade.
Nesse levantamento, verificamos que 23% dos não líderes têm algum quadro de ansiedade, enquanto cerca de 15% dos líderes apresentam o problema. Um dado importante é que 10,12% apresentam um quadro extremamente severo de ansiedade. Outros transtornos, como a depressão e o estresse, têm incidência em 18% dos não líderes e 10% de incidência (depressão) e 12% (estresse) entre os líderes.
Nesse levantamento, verificamos que 23% dos não líderes têm algum quadro de ansiedade, enquanto cerca de 15% dos líderes apresentam o problema. Um dado importante é que 10,12% apresentam um quadro extremamente severo de ansiedade. Outros transtornos, como a depressão e o estresse, têm incidência em 18% dos não líderes e 10% de incidência (depressão) e 12% (estresse) entre os líderes.
forma como nossa sociedade está estruturada exige das mulheres múltiplas responsabilidades e esse é um dos principais fatores de desequilíbrio. Conciliar as necessidades da família, da casa e do trabalho pode elevar os níveis de ansiedade e estresse, contribuindo para o impacto na saúde mental. Segundo dados coletados em 64 países em 2019 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres dedicam, em média, 3,2 vezes mais tempo do que os homens com trabalhos não remunerados de cuidado, como planejamento e preparo da alimentação da família, cuidado de doentes, ou limpeza da casa. No Brasil, as mulheres dedicam até 25 horas por semana a afazeres domésticos e cuidados, enquanto os homens apenas 11 horas, segundo um estudo do FGV Ibre realizado em outubro de 2023.
O fato é que, por não ser remunerado, o trabalho exercido na economia do cuidado não é valorizado pela sociedade, mas tem impacto significativo na rotina diária das mulheres. O estudo da FGV Ibre estima que a economia doméstica e do cuidado acrescentaria 13% ao PIB se fosse remunerado. Isso sem falar no impacto dessa sobrecarga na saúde mental das mulheres. Para conciliar todas essas demandas, há maior dificuldade de priorizar o descanso e o autocuidado físico e mental, essencial para garantir um maior equilíbrio da saúde mental.
Não há mais tempo e o tema é urgente! Em primeiro lugar, as empresas devem garantir a segurança psicológica do ambiente de trabalho e entender quais processos estão levando parte de seus colaboradores ao adoecimento. Assumir essa responsabilidade é o primeiro passo para iniciar um processo de mudança. Seja pela conscientização do tema e pelo letramento das equipes, seja pelo treinamento dos líderes, ou pela oferta de benefícios de apoio ao bem-estar, como a psicoterapia, o fato é que para mudar essa realidade é necessário um programa estratégico desenhado para atender as particularidades de cada cultura organizacional.