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Esporte

Hugo Calderano não pôde entrar nos EUA por inclusão de Cuba em lista de patrocinadores de terrorismo

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(FOLHAPRESS) – A inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores de terrorismo pelos Estados Unidos no dia 11 de janeiro de 2021, em um dos últimos atos da primeira gestão de Donald Trump na Casa Branca, está por trás do episódio envolvendo o mesa-tenista Hugo Calderano na semana passada.

Atual número 3 do ranking mundial de tênis de mesa, Calderano não pôde disputar o torneio Grand Smash de Las Vegas, após não obter sua autorização a tempo para entrada no país.

O motivo foi uma viagem a Cuba, em 2023, quando ele disputou o Campeonato Pan-Americano e um evento de classificação para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

Como possui cidadania portuguesa, Hugo normalmente necessitaria apenas informar a sua entrada nos Estados Unidos por meio do Sistema Eletrônico para Autorização de Viagem (ESTA, em inglês), já que os países da União Europeia fazem parte do Programa de Isenção de Visto.

No entanto, por causa da passagem por Cuba, o atleta deixa de ser elegível para a isenção de visto previsto pelo ESTA e é obrigado a solicitar o visto B1/B2, o mesmo cobrado de brasileiros e destinado a viagens a negócios, turismo, visitas a familiares ou tratamentos médicos, explica Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Internacional Empresarial, com atuação em migração para os Estados Unidos.

“Globalmente, as entrevistas para a obtenção do visto podem levar de algumas semanas a mais de seis meses. Depois da entrevista, o visto costuma ser emitido em um prazo de uma a quatro semanas”, disse Canutto.

Segundo ele, a inclusão de Cuba na lista de países suspeitos visa ampliar a segurança do Programa de Isenção de Vistos (Visa Waiver Program), exigindo que viajantes com histórico de viagens a países apontados como suspeitos, como Cuba, Irã, Síria, Coreia do Norte e Sudão, obtenham visto em vez de usar o ESTA, fortalecendo a triagem pré-embarque.

“Com essa medida, voltaremos a responsabilizar o governo de Cuba e enviaremos uma mensagem clara: o regime de Castro deve pôr fim ao seu apoio ao terrorismo internacional e à subversão da justiça americana”, disse na época o então secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.

Segundo o governo americano, a designação se deu devido aos “repetidos atos de apoio ao terrorismo internacional”, pois a ilha abriga fugitivos dos EUA e líderes colombianos ligados a guerrilhas. Contou também para Washington o fato de Havana ser próxima da ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.

“Tudo indica que a manutenção de Cuba na lista durante a gestão Biden reflete uma preocupação de longo prazo com vetores de influência e segurança nacional, mais do que posicionamento partidário imediato”, afirmou Canutto.

O brasileiro ainda tentou obter um visto emergencial, mas, apesar do apoio da Associação de Tênis de Mesa e do Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos, não conseguiu agendar uma entrevista consular a tempo de viajar para o início da competição.

“É frustrante ficar fora de uma das mais importantes competições da temporada por questões que fogem do meu controle, especialmente vindo de resultados tão positivos”, disse o carioca de 29 anos em grande fase na sua carreira, com o título da Copa do Mundo e, mais recentemente, a medalha de prata no Mundial.

“A CBTM [Confederação Brasileira de Tênis de Mesa] lamenta o ocorrido, espera que o episódio não comprometa a trajetória do atleta e segue sempre à disposição dos mesa-tenistas brasileiros para auxiliar em casos como este”, assinalou a confederação da modalidade.

CEO da ITTF (Federação Internacional de Tênis de Mesa), Steve Dainton criticou Calderano após o episódio e afirmou que “ser profissional exige mais que performance”.

“É uma grande decepção que o Hugo não tenha podido vir. Ele é um jogador incrível, com resultados recentes que mostram que ele é atualmente um dos melhores do mundo. Tê-lo em seu continente também era importante para nós”, disse Dainton.

“Mas temos incentivado os jogadores a se prepararem com meses de antecedência para os vistos, e aqueles que se planejaram adequadamente não tiveram grandes problemas. A USATT tem dado uma ajuda incrível com isso. Isso é um lembrete de que ser profissional exige mais do que apenas performance na mesa; significa também assumir a responsabilidade por tudo que acontece fora dela”, acrescentou.

Hugo Calderano, atual número 3 do ranking mundial de tênis de mesa, ficou fora do Grand Smash de Las Vegas porque não obteve sua autorização de entrada nos EUA a tempo de participar do torneio

Folhapress | 07:24 – 07/07/2025



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