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Fungo usa radiação para crescer e pode “limpar” Chernobyl

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Nível considerado letal para a maioria das formas de vida serve como alimento para gerar energia ao Cladosporium sphaerospermum

Zona de exclusão de Chernobyl é de um raio de 30 quilômetros (Imagem: Serkant Hekimci/Shutterstock)

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Um fungo preto que se espalhou por Pripyat (Ucrânia), após o pior desastre nuclear da história da humanidade, em Chernobyl, tem sido estudado há anos por seu potencial de biorremediação — processo que se utiliza de organismos vivos para reduzir contaminações no ambiente.

Chamado Cladosporium sphaerospermum, esse fungo foi observado nas paredes do reator 4, onde a radiação era mais alta. O nível seria letal para a maioria das formas de vida, mas, para esse organismo, serve como alimento, segundo reportagem da Forbes.

Outras espécies de fungos pretos, como Wangiella dermatitis e Cryptococcus neoformans, também usam melanina (pigmento responsável pela cor da pele humana) para absorver radiação, convertê-la em energia e usá-la em seu crescimento mesmo em áreas hostis.

Espécie de fungo preto usa melanina para converter radiação em energia química (Imagem: OneMashi/Shutterstock)

Mecanismo incomum

O processo se assemelha à fotossíntese, mas ganhou o nome de radiossíntese para aplicações em pesquisas nas áreas de bioquímica e radiação. Em seres humanos, a melanina protege contra a radiação UV, mas, nos fungos, é uma facilitadora da conversão de radiação gama em energia química.

Em 2007, um artigo publicado na revista PLOS ONE testou a dinâmica do C. sphaerospermum em áreas radioativas em comparação com ambientes sem radiação. O resultado: os fungos cresceram mais rápido em regiões de alta radiação.

A descoberta ajudou a remodelar a compreensão sobre os chamados extremófilos — organismos capazes de viver em ambientes de condições extremas. Fungos pretos geralmente suportam baixas temperaturas, altas concentrações de sal e acidez extrema.

Fungos pretos podem ser usados para “limpar” radiação de área afetada pelo desastre nuclear (Imagem: Anelo/Shutterstock)

Leia Mais:

Um fungo, dezenas de aplicações

  • O processo de biorremediação associado a fungos radiotróficos criou alternativas aos métodos convencionais de limpeza de áreas contaminadas como Chernobyl;
  • Uma pesquisa recente mostrou que milhares de hectares de terras afetadas pelo desastre nuclear podem voltar a ser usados para cultivo agrícola, como informou o Olhar Digital;
  • Mas a aplicação do C. sphaerospermum vai além: o fungo foi enviado à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) para testes de proteção dos astronautas da radiação cósmica. Resultados iniciais mostram que o fungo poderia fornecer fontes seguras de alimento para os exploradores, segundo a Forbes;
  • Aqui na Terra, o organismo também poderia levar a avanços na biotecnologia e na agricultura, já que seus genes apresentam robustez e resiliência. Quem sabe, um dia, teremos fungos pretos ajudando plantações a sobreviver em climas rigorosos.
Descobertas sobre fungos pretos ajudaram a remodelar a compreensão sobre os chamados extremófilos (Imagem: Anna Hoychuk/Shutterstock)


Bruna Barone

Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.




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