O esterco bovino, frequentemente classificado como um resíduo da produção, possui um potencial inexplorado para se tornar um dos principais ativos do confinamento.
Com o manejo adequado, esse material se transforma em um valioso adubo orgânico, capaz de gerar receita adicional, aumentar a qualidade do solo e promover a sustentabilidade na fazenda. O aproveitamento estratégico do dejeto fecha o ciclo produtivo, desmistificando a ideia de que a pecuária intensiva gera poluição.
Ao programa Giro do Boi, o doutor em Zootecnia Maurício Scoton alerta que o manejo inadequado do esterco gera prejuízos sanitários e financeiros. O acúmulo de material orgânico nos currais é precursor de dois grandes problemas no confinamento: a lama, que prejudica a ruminação dos animais e causa problemas de casco; e a poeira, que aumenta drasticamente o risco de doenças respiratórias, como a pneumonia.
Por isso, a raspagem e a limpeza do curral são etapas cruciais para o bem-estar animal e a sanidade do rebanho, especialmente com a chegada do período de chuvas. Confira o vídeo completo.
- Veja em primeira mão tudo sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo: siga o Canal Rural no Google News!
A matemática do lucro: compostagem eleva a rentabilidade
O confinamento, além de produzir carne de alta qualidade, gera uma quantidade significativa de esterco. Um animal em dieta de 100 dias, consumindo cerca de 20 a 25 kg de matéria natural, produz de 3 a 5 kg de esterco por dia. O correto aproveitamento desse volume pode gerar uma receita extra considerável para o pecuarista, com diferentes níveis de rentabilidade.
O Dr. Scoton detalha três formas de uso com retorno financeiro crescente:
- Aplicação In Natura: o uso do esterco diretamente na pastagem ou lavoura da propriedade é a opção de menor rentabilidade, pois acarreta uma alta perda de nutrientes (cerca de 70%).
- Venda do Esterco Cru: ao ser vendido cru, após a raspagem do curral, o material já garante um lucro de aproximadamente R$ 30 por animal confinado, mesmo descontando os custos operacionais de manejo.
- Compostagem (Maior Lucro): a compostagem é a estratégia que oferece o maior ganho econômico. O processo envolve a mistura do esterco bovino com outros materiais orgânicos, como bagaço de cana, e o processamento (molhado e batido) para formar um composto orgânico de altíssimo valor nutritivo. Enquanto o esterco in natura é vendido a R$ 100–R$ 150 por tonelada, o produto compostado pode atingir R$ 400 por tonelada, elevando o lucro por boi para mais de R$ 100.
Sustentabilidade e benefícios para a qualidade do solo
A estratégia de compostagem proporciona múltiplos benefícios para a agricultura regenerativa e a fazenda como um todo. O fertilizante orgânico processado atua diretamente na melhoria da estrutura do solo, aumenta a retenção de água e repõe nutrientes vitais, como Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), essenciais para a lavoura e o pasto.
Ao processar os dejetos, o produtor rural consegue, simultaneamente, reduzir os problemas sanitários e nutricionais no confinamento e transformar uma despesa com resíduos em um investimento lucrativo.
Isso demonstra que a pecuária intensiva, quando alinhada a uma gestão sustentável, não só é ecologicamente viável, mas também promove a economia circular dentro da propriedade, garantindo longevidade e rentabilidade ao negócio.
O post Esterco bovino: como transformar resíduo do confinamento em fonte de renda e lucro apareceu primeiro em Canal Rural.