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Conheça o besouro-bombardeiro, que mata inimigos com um pum mortal

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O besouro-bombardeiro parece um inseto comum à primeira vista, mas guarda um dos mecanismos de defesa mais impressionantes e violentos do reino animal.

Diferente de outros insetos que apenas se camuflam ou fogem de predadores, o besouro-bombardeiro responde aos ataques com uma descarga química explosiva, emitida diretamente pelo ânus, como um verdadeiro pum mortal.

Como funciona o pum mortal do besouro-bombardeiro?

Esse sistema de defesa, que já foi descrito como um verdadeiro canhão químico, permite ao besouro disparar jatos de substâncias corrosivas em alta temperatura para afastar ou até matar inimigos que tentem se aproximar demais.

Besouro-bombardeiro para (Foto: Asknature.org/Reprodução/ND)

O mecanismo funciona a partir de duas glândulas localizadas no abdômen do besouro. Essas glândulas armazenam separadamente duas substâncias: hidroquinona e peróxido de hidrogênio.

Quando o animal se sente ameaçado, ele libera essas substâncias em uma câmara de reação interna. Lá, a presença de enzimas específicas desencadeia uma reação exotérmica, que eleva rapidamente a temperatura do composto para cerca de 100 graus Celsius.

O resultado é uma explosão interna controlada, que impulsiona a substância para fora do corpo do besouro por meio de uma abertura no reto. A substância é liberada em jatos intermitentes e pode ser direcionada com precisão, atingindo inclusive diferentes ângulos, dependendo da posição do inimigo.

Um sistema preciso e eficiente

O que impressiona no sistema de defesa do besouro-bombardeiro não é apenas a força da substância expelida, mas também a sofisticação do seu controle.

A liberação do composto químico é feita em pulsos curtos, que evitam que o próprio besouro seja ferido pela reação violenta. Essa liberação pulsada também aumenta a eficácia do ataque, pois permite que o animal direcione múltiplos disparos em sequência.

Estudos mostraram que o besouro consegue disparar até vinte vezes em apenas alguns segundos, criando um efeito de rajada que desorienta completamente predadores como sapos, formigas, aranhas e até pequenos mamíferos.

A substância química não só causa dor intensa como também produz um som característico durante a expulsão, o que aumenta o impacto do ataque.

O calor gerado pode queimar a pele ou as membranas mucosas dos inimigos. Em alguns casos, como no ataque a formigas ou pequenos artrópodes, o composto pode ser fatal. Para animais maiores, mesmo que o efeito não seja letal, a surpresa e o desconforto costumam ser suficientes para garantir a fuga do besouro.

Esse sistema de defesa tão eficiente levanta questões importantes na biologia evolutiva. Como um mecanismo tão complexo surgiu?

A resposta está no acúmulo de pequenas adaptações ao longo do tempo. O besouro-bombardeiro pertence à subfamília Brachininae e inclui mais de quinhentas espécies diferentes. Todas compartilham o mesmo sistema de defesa, que provavelmente evoluiu a partir de mecanismos químicos mais simples, comuns a outros besouros.

O processo evolutivo refinou a estrutura das glândulas, a composição dos compostos e a capacidade de controle muscular, até chegar ao sistema preciso e destrutivo que conhecemos hoje.

A existência do besouro-bombardeiro também inspirou pesquisadores da área de bioengenharia.

O controle preciso da reação química, o armazenamento seguro de substâncias instáveis e a liberação dirigida de compostos em alta temperatura são características que interessam à indústria de materiais e à engenharia de microdispositivos.

Estudar esse animal oferece pistas sobre como desenvolver sistemas de liberação controlada de medicamentos ou até dispositivos de defesa não-letais inspirados em mecanismos naturais.

Apesar de sua aparência discreta e pequeno tamanho, o besouro-bombardeiro é um exemplo fascinante da complexidade da vida no planeta.

Ele mostra como, mesmo em escala microscópica, a seleção natural é capaz de produzir soluções surpreendentes para os desafios da sobrevivência. Esse “pum químico” pode parecer engraçado à primeira vista, mas é uma das armas mais engenhosas da natureza.

Com informações de Natural History Museum.




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