Connect with us

Tecnologia

Como OpenAI, Google e xAI disputam os astros da IA

Publicado

on


O cenário da inteligência artificial (IA) no Vale do Silício se transformou em verdadeiro campo de batalha por cérebros raros e disputados como estrelas do esporte profissional.

Desde o lançamento do ChatGPT, em 2022, a busca pelas mentes mais brilhantes da IA escalou de forma inédita, transformando pesquisadores em ativos cobiçados por cifras milionárias.

Pessoa segurando celular com logomarca da OpenAI na tela na frente de monitor exibindo foto do CEO da empresa, Sam Altman
Sam Altman é um dos executivos que lutam por esses gênios (Imagem: Meir Chaimowitz/Shutterstock)

Empresas, como OpenAI, Google DeepMind e xAI, de Elon Musk, estão travando disputa feroz por esses profissionais altamente especializados, conhecidos no setor como individual contributors (ICs) — especialistas cujas contribuições técnicas podem definir o sucesso ou o fracasso de um modelo de linguagem avançado.

Milhões por um cérebro para IA

  • A competição ultrapassou os tradicionais pacotes de salários altos. Agora, ofertas de bônus de retenção de até US$ 2 milhões (11,29 milhões, na conversão direta), além de ações avaliadas em mais de US$ 20 milhões (R$ 112,91 milhões), têm sido utilizadas para manter talentos nas empresas;
  • Segundo fontes ouvidas pela Reuters, alguns contratos exigem apenas um ano de permanência para garantir os pagamentos integrais;
  • Enquanto isso, o pacote anual médio para engenheiros em grandes empresas de tecnologia gira em torno de US$ 542 mil (R$ 3,05 milhões) (somando salário e ações), os principais pesquisadores de IA vêm recebendo cifras superiores a US$ 10 milhões (R$ 56,45 milhões) por ano;
  • A DeepMind, braço de IA da Alphabet, chegou a oferecer compensações de US$ 20 milhões (R$ 112,91 milhões) anuais e acelerou o processo de aquisição de ações para atrair e manter especialistas.

O processo de recrutamento também se sofisticou. Executivos de peso entram pessoalmente na disputa por talentos.

Noam Brown, um dos responsáveis por avanços recentes em raciocínio lógico na OpenAI, relatou ter sido cortejado com encontros com Sergey Brin, fundador do Google, partidas de pôquer com Sam Altman, CEO da OpenAI, e, até, visitas de investidores em jatos particulares.

Apesar das vantagens financeiras oferecidas por outras empresas, Brown optou por permanecer na OpenAI, destacando o compromisso da empresa com os recursos humanos e computacionais para seu trabalho.

Elon Musk, por sua vez, tem feito ligações diretas a candidatos estratégicos para reforçar os quadros da xAI. A startup de IA do bilionário também tem investido pesado na contratação de talentos, embora se mantenha discreta sobre os valores envolvidos.

A escassez desses profissionais é tamanha que Altman cunhou novo conceito: os “engenheiros 10.000x” — referência ao potencial multiplicador dessas mentes excepcionais, capazes de produzir resultados milhares de vezes superiores à média da indústria.

Estima-se que existam apenas algumas centenas de profissionais com esse nível de especialização. Esse grupo reduzido de pesquisadores foi fundamental para o desenvolvimento dos modelos de linguagem natural que alimentam a atual revolução da IA generativa.

A saída de Mira Murati do cargo de CTO da OpenAI, em setembro de 2024, contribuiu para aquecer ainda mais o mercado.

Murati não apenas fundou sua própria startup de IA, como, também, recrutou cerca de 20 ex-colegas da OpenAI, além de outros profissionais renomados do setor.

Hoje, sua equipe já soma, aproximadamente, 60 pessoas. Mesmo sem produto lançado, a startup está em processo de captação de um dos maiores investimentos iniciais já registrados no setor.

Com a alta demanda e o número limitado de especialistas experientes, empresas estão adotando estratégias inovadoras para encontrar novas promessas.

Ao fundo, logos de xAI e X; à frente, rosto de Elon Musk em preto e branco
Musk vem fazendo abordagens agressivas para captar funcionários para a xAI — inclusive, de rivais (Imagem: JRdes/Shutterstock)

A Zeki Data, consultoria de recrutamento, utiliza métodos inspirados em análises esportivas — como os vistos no filme “Moneyball” — para identificar talentos em áreas inesperadas. Descobriu-se, por exemplo, que a Anthropic tem contratado profissionais com formação em física teórica e computação quântica.

Essa diversificação de perfis tem contribuído para atrair novos gênios para o campo da IA. “Tenho matemáticos brilhantes na minha equipe que jamais teriam migrado para essa área se não fosse pela velocidade dos avanços atuais”, declarou Sébastien Bubeck, que deixou a Microsoft para se juntar à OpenAI.

O mercado de IA se tornou universo no qual poucos indivíduos têm o poder de redefinir o futuro da tecnologia. A guerra por esse seleto grupo — com remunerações multimilionárias, luxo e influência — reflete a nova ordem no Vale do Silício: quem dominar os talentos, dominará o amanhã da inteligência artificial.




OLHAR DIGITAL – Link original da matéria

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Advertisement