Chuva de 150 mm e os impactos nas principais culturas: veja previsão até dezembro

Foto: Motion Array

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em parceria com o Centro de Previsão de Tempo e Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) publicou nesta segunda-feira (13) o Boletim Agroclimatológico para os meses de outubro, novembro e dezembro.

Confira as regiões brasileiras que receberão mais chuva e onde as temperaturas estarão mais ou menos elevadas:

Sul

A previsão indica volumes de chuva próximos à média histórica em todos os estados da região (áreas em branco na Figura A). As temperaturas do ar devem permanecer acima da média em toda a região (tons em laranja na Figura B), principalmente no noroeste do Rio Grande do Sul, onde os aumentos podem chegar a 2°C em relação à normal climatológica.

Contudo, em áreas mais elevadas, os valores podem permanecer abaixo de 15°C devido à influência de massas de ar frio. Na região litorânea de Santa Catarina, os aumentos devem ser menores, com elevações de até 0,5°C acima da média. Em praticamente toda a Região Sul, os valores de armazenamento hídrico no solo devem se manter acima de 80%.

Em dezembro, pode haver uma redução dos níveis de umidade do solo no centro-sul do Rio Grande do Sul, com valores abaixo de 70%. O excedente hídrico deverá predominar durante o trimestre, com destaque para o sul do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde são previstos acumulados superiores a 150 mm. Essa condição é considerada favorável ao desenvolvimento das culturas de inverno, como trigo, aveia e cevada, além de contribuir para o adequado crescimento vegetativo das lavouras já implantadas.

Entretanto, o excesso de umidade no solo poderá interferir nas operações de campo e atrasar o início da semeadura das culturas de verão, especialmente da soja e do milho 1ª safra, nas áreas mais úmidas do Paraná e do norte do Rio Grande do Sul.

Sudeste

A previsão climática indica volumes de chuva acima da média histórica em praticamente todas as áreas de Minas Gerais e Espírito Santo, bem como no centro-norte de São Paulo (tons em azul na Figura A). No restante da região, prevê-se chuva próxima à média histórica.

As temperaturas tendem a permanecer acima da média histórica em toda a região, especialmente em São Paulo e Minas Gerais, onde os valores podem ficar até 1,0°C acima da média (tons em laranja na Figura B). Nos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, os aumentos previstos são de até 0,5°C em relação à média. A previsão de armazenamento hídrico do solo indica baixa disponibilidade de água no centro-norte de Minas Gerais, Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e noroeste paulista, com percentuais inferiores a 30% ao longo do mês de outubro.

A partir de novembro, observa-se recuperação gradual da umidade do solo em grande parte da região, com estoques superiores a 60%, exceto no norte e Triângulo Mineiro e no oeste de São Paulo, onde a recuperação tende a ser mais lenta. Já em dezembro, o armazenamento hídrico ultrapassa 80% em quase toda a Região Sudeste, alcançando valores próximos à capacidade de campo, condição favorável ao desenvolvimento das lavouras.

A deficiência hídrica tende a predominar em outubro, especialmente no norte e Triângulo Mineiro, Espírito Santo e extremo oeste paulista, com déficits superiores a 100 mm. A escassez de umidade no solo pode comprometer o início da semeadura da soja e do milho primeira safra, provocando irregularidade na germinação e emergência das plantas. Além disso, a irregularidade das chuvas nesse período pode reduzir o desenvolvimento das pastagens e limitar o crescimento vegetativo da cana-de-açúcar em final de ciclo.

A partir de novembro, há uma transição gradual desse cenário, com excedentes hídricos acima de 60 mm no sul de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e litoral de São Paulo, tornando-se mais expressivos em dezembro, quando os valores ultrapassam 100 mm no sul e Zona da Mata Mineira. Essa melhora na disponibilidade hídrica tende a favorecer o avanço do plantio e o desenvolvimento inicial das lavouras de verão.

Centro-Oeste

mapa chuva temperaturas
Foto: Reprodução

Para o trimestre de outubro, novembro, dezembro, o prognóstico climático indica volumes de chuva até 30 mm acima da média em todo o estado de Goiás, centro-sul de Mato Grosso e centro-norte de Mato Grosso do Sul (tons em azul na Figura A). As temperaturas tendem a permanecer acima da média em toda a região, devido à persistência de massas de ar seco e quente, podendo ficar cerca de 1,0°C acima da média histórica.

A previsão de armazenamento hídrico do solo indica baixos níveis de umidade em grande parte da região durante o mês de outubro, exceto no extremo sul de Mato Grosso do Sul, onde os estoques hídricos deverão permanecer acima de 60% ao longo do período. Em novembro, observa-se recuperação da umidade do solo na região, ainda que de forma irregular, e em dezembro, os níveis de armazenamento ultrapassam 80% em quase todo o Centro-Oeste.

O déficit hídrico se intensifica em outubro, com valores superiores a 100 mm no sudoeste de Mato Grosso. Essa escassez de umidade reduz a disponibilidade de água no solo para culturas como o milho segunda safra e o algodão, elevando o risco de perdas produtivas e favorecendo a ocorrência de queimadas e incêndios florestais. Em novembro, o déficit hídrico diminui, mas ainda persiste em algumas áreas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Já em dezembro, observa-se uma reversão do quadro, com excedentes hídricos expressivos no norte de Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, onde os valores podem ultrapassar 130 mm. A regularização das chuvas no final do trimestre garante umidade adequada no solo para o plantio e estabelecimento das lavouras de soja e milho primeira safra, favorecendo a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas e a recuperação de pastagens.

Nordeste

Para os próximos meses, são previstos volumes de chuva abaixo da média em grande parte do Maranhão, Piauí, além das porções central e noroeste da Bahia (tons em amarelo na Figura A). Por outro lado, são previstas chuvas acima da média nos estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Alagoas, Sergipe, bem como no leste de Pernambuco, centro-leste do Ceará e costa litorânea da Bahia (tons em azul na Figura A).

No restante da região, prevê-se chuva próxima à média histórica (áreas em branco na Figura A). As temperaturas do ar deverão permanecer acima da média histórica em todo o Nordeste, com valores entre 0,5°C e 1,0°C acima da média (tons em laranja na Figura B). As menores elevações são esperadas em toda a faixa leste da região. Já os maiores aumentos devem se concentrar no leste do Maranhão, Piauí e do oeste da Bahia, onde as temperaturas podem subir até 2°C acima da média.

A previsão de armazenamento hídrico do solo indica estoques de água abaixo de 40% em praticamente toda a região durante o trimestre, especialmente no centro-norte da região. Em contrapartida, níveis superiores a 60% são previstos principalmente no oeste e sul da Bahia nos meses de novembro e dezembro.

Consequentemente, o déficit hídrico se intensifica em várias áreas, com valores superiores a 130 mm na divisa entre Piauí, Ceará e oeste de Pernambuco. Essas condições podem limitar o desenvolvimento de culturas de sequeiro.

Norte

Volumes de chuva abaixo da média histórica para o trimestre outubro, novembro, dezembro na maior parte do Pará, centro-norte de Rondônia, norte do Tocantins e na região da cabeça do cachorro, bem como no extremo norte do Amazonas (tons em amarelo na Figura A). A previsão do armazenamento hídrico no solo para os próximos meses indica elevação dos níveis no oeste e sul do Amazonas, Acre, Rondônia, além do sul do Pará e do Tocantins, com percentuais superiores a 60%.

No entanto, observa-se o predomínio de baixos estoques de água no solo, inferiores a 30%, no oeste de Roraima, Amapá e norte do Pará, principalmente no mês de dezembro. As projeções indicam a intensificação das condições de seca no norte do Pará, Amapá, Tocantins, Roraima e no extremo leste do Amazonas durante outubro, com déficits superiores a 130 mm.

As áreas mais críticas de déficits hídricos devem se concentrar no Amapá, no norte do baixo Amazonas e no extremo norte de Roraima, com uma redução gradual em novembro, o que pode impactar as atividades agrícolas e a formação de pastagens na região. Por outro lado, no mês de dezembro, observase uma melhor disponibilidade hídrica em quase toda a região, especialmente no oeste e sul da Amazônia, o que tende a favorecer a manutenção de culturas perenes tropicais e as atividades da agricultura familiar nessas áreas.

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