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Chocolate amargo faz bem para o coração? Veja o que diz a medicina
É comum ouvir que chocolate faz mal para a saúde, principalmente quando consumido em excesso. Porém, você já ouviu falar que o chocolate amargo faz bem para o coração?
Ultimamente, essa afirmação tem sido bastante repercutida, mas será que é mesmo verdade? E, se for, por que será? A quantidade de açúcar tem alguma coisa a ver com isso?
Se você ficou curioso, então continue lendo, pois a seguir exploraremos mais sobre esse tema.
O que é chocolate amargo?
Você provavelmente já experimentou chocolate amargo e sabe identificá-lo pelo sabor, que é bem diferente dos outros tipos. Ok, mas vamos ao que seria um chocolate amargo do ponto de vista técnico.
O chocolate amargo é aquele que contém uma quantidade maior de cacau em sua fórmula. Sua composição principal é uma combinação de licor de cacau, manteiga de cacau e açúcar.
Chocolate amargo tem leite?
Como deu para perceber, a composição principal do chocolate amargo não leva leite. Isso o diferencia do chocolate ao leite e do branco, conferindo-lhe um sabor mais intenso e, como o nome indica, mais amargo.
Contudo, alguns fabricantes podem adicionar gorduras do leite para retardar o “florescimento do chocolate”, um fenômeno que ocorre quando o chocolate desenvolve uma camada esbranquiçada ou acinzentada na superfície. Entretanto, vale repetir que isso não faz parte da composição principal.
Além disso, o chocolate amargo pode apresentar traços de leite por ser produzido nas mesmas máquinas utilizadas para os outros tipos de chocolate.

Qual a porcentagem do chocolate amargo?
Na prática comercial e no uso comum, o chocolate amargo costuma ser associado a produtos com percentuais de cacau geralmente acima de 70%. Os que apresentam entre 50% e 70% costumam ser classificados como meio-amargos.
Contudo, no Brasil, não existe uma definição legal específica que determine a porcentagem exata para o chocolate amargo. A ANVISA exige apenas que o chocolate comum tenha no mínimo 25% de sólidos totais de cacau (RDC nº 723/2022).
Chocolate amargo tem açúcar?

Sim, como vimos acima, o chocolate amargo geralmente contém açúcar, porém em quantidade bem menor do que o chocolate ao leite.
A porcentagem de cacau indicada na embalagem (como 70%, 85%, etc.) mostra quanto do chocolate é composto por massa e manteiga de cacau. O restante costuma incluir açúcar e, às vezes, emulsificantes ou aromatizantes.
Quanto maior a porcentagem de cacau, menor costuma ser a quantidade de açúcar. Assim, um chocolate 100% não tem açúcar na sua composição.
Chocolate amargo faz bem para o coração?

Além de ser considerado uma escolha mais sofisticada de chocolate, o amargo também tem a fama de trazer alguns benefícios à saúde. E supostamente ele faria bem ao coração. Mas será que é verdade?
De antemão, há poucos estudos de qualidade que comprovam os efeitos positivos do chocolate amargo na saúde. Todavia, as afirmações sobre os benefícios do chocolate ao coração estão relacionadas aos flavonoides.
Flavonoides

Os flavonoides são compostos naturais encontrados nas plantas. Eles pertencem a uma classe de substâncias chamadas polifenóis. Esses compostos são conhecidos por trazer benefícios para o coração.
Os flavonoides têm propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e vasodilatadoras, que ajudam a:
- Proteger os vasos sanguíneos;
- Reduzir a pressão arterial;
- Diminuir o colesterol ruim (LDL);
- Prevenir a formação de coágulos.
Esses efeitos podem reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.
Os flavonoides são comuns na alimentação humana, pois estão presentes em frutas, vegetais, chás e outros alimentos de origem vegetal, como o cacau. E como o chocolate amargo tem maior concentração de cacau, ele seria rico em flavonoides.

O Hospital Sírio-Libanês, por exemplo, afirma em seu site oficial que o consumo moderado de chocolate amargo pode contribuir para a saúde do coração. Contudo, são poucas as pesquisas com evidências clínicas sólidas de efeitos significativos do chocolate amargo para a saúde do coração.
Em uma pesquisa da nutricionista americana Marion Nestle, para obter os efeitos presumidos dos flavonoides segundo estudos, uma pessoa teria que consumir cerca de 135 g de chocolate amargo por dia, o que traria, junto, uma ingestão alta de açúcar e gordura saturada.
Ou seja, a quantidade necessária para efeito terapêutico seria pouco viável na prática devido ao risco de outros problemas de saúde.
