InícioGeralBolsonaro, o maior perdedor das eleições municipais deste ano

Bolsonaro, o maior perdedor das eleições municipais deste ano

Uma coisa é ser um mentiroso compulsivo. Outra, é ser um mentiroso convincente. O PL deveria montar uma nova versão do gabinete do ódio, desta vez destinado unicamente à fabricação de mentiras plausíveis para serem repetidas por Bolsonaro.

Mentir de maneira compulsiva não exige uma inteligência superior, qualquer pessoa astuta o faz. Mentir convincentemente, sim, requer inteligência afiada, vasta cultura, noções avançadas de linguagem corporal e domínio da arte de representar.

Percebeu a diferença? Mussolini, o inventor do fascismo na Itália na primeira metade do século XX, foi um mentiroso convincente. Assim como Hitler, que se espelhou em Mussolini para refinar o nazismo e dominar a Alemanha por mais de uma década.

Bolsonaro chegou ao poder por acidente, um duplo acidente: a inabilitação do seu principal adversário, condenado e preso para que não disputasse a eleição presidencial de 2018 depois de liderar até à véspera todas as pesquisas de intenção de votos, e a facada.

De resto, ele foi e continua sendo um mentiroso tosco, primário, rude, que se diz discípulo de Donald Trump, que nada tem de tosco, primário e rude, e cuja história de vida é diferente da dele. Trump sempre tratou-o  como uma cópia jocosa sua.

É de fazer rir a mentira que Bolsonaro ofereceu, ontem, para justificar seu distanciamento da campanha de Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição: jogou a culpa em Pablo Marçal (PRTB), derrotado no primeiro turno.

– Há três meses eu tive uma reunião reservada, eu e Pablo Marçal. Ele saiu dali falando que eu ia apoiá-lo. Não era verdade aquilo. Então lamentavelmente isso aconteceu, e foi uma dor de cabeça enorme para mostrar que o nosso candidato era quem já vinha dando certo, que tinha tudo para continuar um bom trabalho aqui em São Paulo. E aconteceu, com o tempo, chegamos lá. O cara só pode fazer um gol se alguém passar a bola para ele. Eu joguei no meio de campo.

Mas, pensando melhor, quer saber? Bolsonaro pode não ter mentido, mas dito uma verdade, sem querer. Como a maioria dos eleitores bolsonaristas aderiu a Marçal, Bolsonaro ficou paralisado para não se incompatibilizar com eles. Isso é lá papel de um líder?

Bolsonaro quis bancar o esperto e foi engolido por excesso de esperteza. Marçal não precisou de sua ajuda para chegar aonde chegou, e o desafiará novamente nas eleições de 2026. Nunes nada deverá a Bolsonaro caso se reeleja no próximo domingo.

As eleições municipais deste ano mostraram que a extrema-direita ganhou vida própria, já não carece de Bolsonaro para seguir em frente. Inelegível até 2030, Bolsonaro é quem carece dela para sonhar com o seu retorno à condição de líder inconteste.

Perguntado se quem disputará a Presidência em 2026 será ele ou Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, Bolsonaro respondeu: “O nome é Messias”. E afirmou ter certeza que ganharia de Lula: “Eu tenho certeza de que ganho.”

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