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Aluna diz ser vítima de racismo em torneio de colégio particular de SP

São Paulo — Uma aluna negra de 14 anos relatou ter sido vítima de racismo durante um jogo de interclasses, na quinta-feira (10/10), no Acre Clube, região do Tucuruvi, zona oeste de São Paulo.

A vítima estuda no 9° ano da escola particular Colégio São Paulo e estava acompanhando uma partida de futsal do torneio disputada entre uma sala da sua série contra uma do 2° ano do Ensino Médio, quando pelo menos seis alunos, com idades entre 16 e 17 anos, começaram a xingá-la.

Ela relatou às investigações ter sofrido ofensas racistas de pelo menos três deles. De acordo com o boletim de ocorrência obtido pelo Metrópoles, a aluna contou que foi alvo de ofensas relacionadas ao seu cabelo como “vai lavar esse cabelo” e “serve para lavar louça”. Além disso, um dos suspeitos teria imitado um macaco. A aluna teria respondido as agressões com outros xingamentos como “vagabunda”.

Os acusados negaram as alegações e disseram que teriam usados palavrões nos ataques verbais, mas sem cunho racistas. O adolescente que teria imitado um macaco contou aos policiais que na verdade emitiu sons de um cachorro. Eles também disseram terem sido ofendidos. Todos foram ouvidos pela investigação e liberados na sequência. A investigação sobre a ocorrência continua.

O caso foi registrado como injúria e injúria racial pelo 13° Distrito Policial (Casa Verde) e é investigado pelo 20° DP (Água Fria), responsável pelas ocorrências da região.

“Me ligou em prantos”

Em entrevista ao Metrópoles, a professora e vereadora suplente Adriana Vasconcellos Vieira De Oliveira Luiz, mãe da vítima, contou que a filha ligou chorando para ela após o ocorrido:

“Ela me ligou em prantos: ‘mamãe, eu não acredito que isso está acontecendo comigo’”.

Adriana então foi ao clube onde os jogos aconteciam para ver o que estava acontecendo. Ao chegar no local, encontrou a filha com uma amiga, enquanto os suspeitos estavam na quadra onde acontecia as partidas “curtindo”. Ela então contou a funcionários da escola presentes ali o que tinha acontecido e solicitou que os alunos fossem separados enquanto acionava a Polícia Militar (PM).

Após a chegada dos PMs e a reunião de alguns envolvidos, além de testemunhas, cerca de 27 pessoas (incluindo alunos, responsáveis, advogados e testemunhas) foram conduzidas à Delegacia, onde foram ouvidos e liberados.

A mãe relata que entrou em contato com a escola solicitando uma reunião para cobrar providências a respeito do ocorrido. Ela afirma que na sexta-feira (11/10) teve uma reunião com um dos diretores que garantiu que os alunos envolvidos na situação estavam suspensos e que uma expulsão não estaria descartada a depender das investigações.

De acordo com Adriana, uma semana depois, os alunos já estão de volta às aulas, mas sua filha está “tranquila”:

“Ela está tranquila. Eu falei para ela que se qualquer coisa, qualquer desconforto, avisar imediatamente um adulto e me relatar também”.

Em nota, o Acre Clube, local onde o caso aconteceu afirmou que “apenas locou seu espaço para a realização de um evento esportivo promovido pelo Colégio São Paulo”.

O documento também diz que no momento do ocorrido o lugar era ocupado apenas por alunos, professores e profissionais do colégio e que não teve qualquer envolvimento na supervisão ou organização dessas atividades.

Por fim, afirmou que colabora com as investigações.

O Metrópoles procurou o Colégio São Paulo, por e-mail e por telefone, mas até o momento não obteve retorno. Espaço segue em aberto.

Confusão no dia anterior

Para Adriana os ataques foram propositais. Isso porque, segundo ela, a confusão teria começado no dia anterior, quando funcionários da escola, que trabalhavam no interclasses, chamaram a atenção de alunos do 3° ano do ensino médio por estarem fazendo muito barulho em um jogo em que, teoricamente, não eram poderiam estar assistindo, já que não envolvia sua série.

A mãe conta que os alunos tentaram colocar a culpa dos ruídos elevados na filha e seu grupo de amizades, mas que a jovem teria se defendido. Nesse momento, uma desses alunos do ensino médio teria falado em tom de ironia que o cabelo da menina parecia com o da Beyoncé.

Posteriormente, essa mesma aluna teria feito um vídeo da vítima, que esperava um ônibus para ir para casa, e postado em um grupo de amigos. No dia seguinte, a confusão continuou.

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