Brasil e Mundo
Alckmin acerta no diagnóstico, mas erra no remédio

O relatório Focus desta semana não trouxe grandes alterações em relação à semana passada. A expectativa de inflação de 5,65% continua bem acima do teto da meta de 4,5%. E provavelmente continuará assim, diante das medidas anunciadas pelo governo recentemente para evitar o desaquecimento da economia.
Como se não bastasse a flexibilização do crédito consignado ao setor privado, a liberação do FTGS para aqueles que optaram pelo saque aniversário, o aumento da faixa de renda para acessar o financiamento do programa Minha Casa, Minha Vida, a elevação da isenção de IR para pessoas que ganham até R$ 5 mil… Agora, o governo pretende lançar um pacote de crédito para baixar o juro em um terço.
É claro que a medida seria positiva se não fosse o cenário inflacionário. Entretanto, a fim de minimizar os efeitos da perda do poder de compra da população, o governo dobra a aposta com propostas que tendem a gerar ainda mais inflação. A ideia é manter a atividade econômica aquecida, de tal maneira que os efeitos do crescimento econômico e dos ganhos no mercado de trabalho se sobreponham as consequências negativas da inflação para a população.
Até agora, o governo não obteve êxito nesta estratégia. Mesmo com o crescimento do PIB superior a 3% e o desemprego em 6,5%, a população segue insatisfeita com a atual administração petista. O vice-presidente Geraldo Alckmin faz o diagnóstico correto de que a economia deve pautar o debate eleitoral em 2026 (eu acrescento também segurança pública), mas erra no remédio. O populismo de curto prazo anunciado poderá gerar ainda mais inflação — calcanhar de Aquiles do PT para as eleições de 2026.
