Após levar uma reprimenda do juiz Thiago Mira por seu cliente se esconder embaixo da mesa durante uma audiência virtual do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), o advogado Robison de Albuquerque Araújo se defendeu. À coluna, ele alegou que o empresário Ricardo Machado se abaixou para pegar um objeto que caiu no chão. E negou que tenha tentado burlar as regras que proibem a presença do empreendedor no momento da oitiva.
“Era uma audiência trabalhista, com o reclamante e o reclamado. Não foi feita nenhuma orientação preparatória para que eles fossem ouvidos separadamente. Foi um desentendido, eles poderiam estar no mesmo lugar. Ele foi mexer em algo que caiu no chão”, disse o advogado.
No caso, Robison Maranhão defende o empresário Ricardo Machado, que contestava o pleito de R$ 20 mil em verbas rescisórias solicitado pela autora, Kateli Silva Fernandes. Foi durante o depoimento de uma testemunha que o empreendedor ficou na mesma sala que seu advogado.
A prática contraria os dispositivos legais. “O Ricardo, por ser dono da empresa, não poderia ter ouvido o depoimento da autora, que aconteceu em um momento anterior da gravação, que não apareceu no vídeo que viralizou. Só que, por estar na mesma sala, ele acabou ouvindo, o que é contra a lei”, explica Vitor Benin, advogado de Kateli.
Inicialmente, ao ser questionado pelo juiz, Robison Maranhão sustentou que seu cliente estava “na sala de baixo”.
O juiz Thiago Mira, então, pediu para que o advogado girasse a câmera do celular em 360º, a fim de demonstrar que realmente não estava próximo do cliente. Robison mostrou parte da sala, mas o pedido foi feito novamente pelo magistrado. Nesse momento, é possível ver o cliente indo para baixo da mesa.
A cena provocou risos entre participantes da audiência. O juiz se irritou e avisou que notificaria a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o ocorrido. “Vocês estão de brincadeira, só pode ser piada. É palhaçada, falta de respeito”, disse Mira.
Tribunal se manifesta
O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná se manifestou por meio de nota.
“O TRT-PR informa que a audiência de instrução citada ocorreu nesta quinta-feira (24) na 18ª Vara do Trabalho de Curitiba. A primeira pessoa ouvida pelo juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado foi a autora da ação trabalhista. Na sequência, foi ouvido o preposto e sócio da empresa.
Ao desconfiar de que o preposto estaria na mesma sala do advogado, o magistrado solicitou que fosse girada a câmera para verificação, quando evidenciou-se a presença do preposto no mesmo ambiente ao se esconder embaixo de uma mesa, tendo assim a possibilidade de ter ouvido o depoimento da autora, o que contraria os dispositivos legais.
Diante do fato, o juiz suspendeu a audiência e vai programar os depoimentos das testemunhas da ação em data futura, de maneira presencial. Nos próximos dias, o magistrado deve oficiar formalmente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que apure a conduta do advogado, que tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho no Paraná.”
