O bolsonarismo “raiz”, filão dos seguidores mais fiéis do ex-presidente Jair Bolsonaro, teve uma única vitória na disputa pela prefeitura das 26 capitais nas eleições de 2024.
O deputado federal Abílio Brunini (PL) foi o único bolsonarista raiz a se eleger prefeito de uma capital. Ele se elegeu como prefeito de Cuiabá, a capital do estado do Mato Grosso.
Ao contrário dos outros três candidatos do PL eleitos prefeitos de capitais em 2024, Brunini é representante da ala mais ideológia do partido, umbilicalmente ligada a Bolsonaro.
Outros nomes desse grupo, como André Fernandes (Fortaleza), Gilson Machado (Recife), Marcelo Queiroga (João Pessoa) e Alexandre Ramagem (Rio de Janeiro), foram derrotados por nomes da esquerda e do Centrão.
Com as derrotas de “bolsonaristas raiz” e de postulantes de extrema-direita, como Pablo Marçal (PRTB) e Cristina Graeml (PMB), Brunini é também o único candidato com o carimbo de “antissistema” a vencer nas capitais.
Além de Brunini, o PL elegeu outros três prefeitos nas capitais. Todos eles mais ligados à ala do partido mais fisiológica, comandada por Valdemar Costa Neto.
Ambos filiados ao PL, Tião Bocalom e João Henrique Caldas, o JHC, se reelegeram prefeitos de Rio Branco (AC) e de Maceió (AL). Já Emilia Correa se elegeu prefeita de Aracaju.
Confusões em Cuiabá e em Brasília
Brunini, que chegou à Câmara dos Deputados em 2023, tem um longo histórico de confusões ao longo de sua curta carreira política. Sua primeira eleição foi em 2016, quando foi eleito vereador em Cuiabá.
Em 2020, ele teve o mandato cassado por quebra de decoro. Dentre as acusações, estava a invasão de um hospital. A cassação acabou revertida pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso, e ele pôde se eleger deputado federal.
Logo no início de seu mandato na Câmara, em Brasília, Brunini foi uma das primeiras vozes a defender os manifestantes que invadiram às sedes dos Três Poderes, no 8 de Janeiro de 2023.
O prefeito eleito de Cuiabá também causou seguidas brigas na CPI dos Atos Golpistas. O presidente do colegiado, Arthur Maia (União-BA), chegou a interromper em mais de uma ocasião os trabalhos por causa de Brunini.
No Congresso Nacional, o bolsonarista raiz chegou ainda a ser acusado de violência de gênero por comentários contra a deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), que é uma mulher trans.