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A resiliência da comunidade: superando adversidades após a tempestade em Planaltina

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A madrugada de 14 de janeiro de 2025 ficou marcada pela força da natureza em Planaltina, uma região do Distrito Federal. As nuvens carregadas, que prometiam apenas um pouco de chuva, transformaram-se em um verdadeiro temporal que se abateu sobre o Condomínio Residencial Sarandi, causando estragos devastadores. A chuva, que começou por volta das 2h, elevou rapidamente os níveis do córrego do Rio São Bartolomeu, e em questão de horas, a água invadiu casas, levando com ela não apenas móveis e eletrodomésticos, mas também sonhos construídos em cada lar.

Pedro Ricardo de Oliveira, um dos moradores afetados, exprimia em sua voz a mistura de impotência e esperança. “Perdi dois guarda-roupas, uma sapateira, alguns colchões… mas Deus vai prosperar para nós todos”, disse ele, olhando as pilhas de objetos danificados jogados na calçada, como testemunhas silenciosas da calamidade que se abateu sobre a comunidade. A cena era desoladora: portas arrancadas, muros desmoronados, e o cheiro da lama misturava-se com a aflição nos rostos dos vizinhos que, ao acordarem, encontraram tudo que haviam lutado para construir sob uma camada de água barrenta.

Elenice de Araujo, uma vendedora ambulante de 50 anos, se viu forçada a abandonar a casa onde morava com o filho, a nora e os netos pequenos. “Estamos divididos em três cômodos de um aluguel, todo mundo doente, com febre e dor de garganta”, lamentou. Ela recordava a angustiante situação de estar à mercê das águas, temendo o afogamento de sua família, já que as crianças quase foram arrastadas pela correnteza. “Ainda bem que conseguimos sair a tempo”, refletiu em meio ao desespero que sua voz transmitia.

Com a chegada do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, um cenário de resgate começou a se desenhar. Embora não houvesse feridos graves, 30 famílias foram desabrigadas e algumas precisaram ser acolhidas temporariamente por parentes. Um centro de acolhimento foi disponibilizado, mas a hesitação dos moradores em utilizá-lo destacava a luta interna que enfrentavam: o orgulho e a resistência aos novos desafios impostos pelas circunstâncias.

Enquanto isso, Renato Castro, uma jovem de 22 anos, assistia angustiada o esforço de seu padrinho em levantar o muro de sua casa, derrubado pela força das águas. “O condomínio precisa de melhorias na drenagem, isso não acontece de um dia para o outro, e enquanto isso não for feito, a insegurança das chuvas vai continuar”, protestou, refletindo uma preocupação que ecoava no coração de todos os que perderam tanto.

Os dias seguintes foram repletos de solidariedade e esperança. A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) começou a prestar auxílio às famílias afetadas, distribuindo colchões e cestas básicas, enquanto os moradores tentavam juntar os cacos e encontrar formas de reconstruir suas vidas. As perdas materiais e emocionais estavam estampadas nas faces de cada um deles, mas havia uma determinação silenciosa de que, apesar da tempestade, a comunidade se manteria unida.

A força do temporal pode ter levado casas, lembranças e até um pouco da segurança que antes reinava, mas no íntimo, ficou a certeza de que juntos, entre lágrimas e risos, cada morador de Planaltina encontraria um caminho para renascer das águas que um dia os ameaçaram.

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