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A jornada de Larice: superação e resiliência diante da violência doméstica
A vida de Larice de Paula, uma mulher de apenas 29 anos, se transformou em um pesadelo que muitos não podem imaginar. Ao olhar para trás, ela já não reconhece a casa que antes fazia parte de sua rotina, cheia de risos infantis e momentos de carinho. Agora, suas memórias mais recentes são preenchidas por cenas de terror e dor, que a assombrarão para sempre.
Na fatídica tarde de 13 de janeiro, Larice sentiu seu mundo desmoronar quando, ao voltar da academia, notou algo estranho. O cadeado de sua casa havia sido trocado, e sua intuição, que muitas vezes é mais forte do que qualquer raciocínio, deu sinal de alerta. Com um aperto no coração, chamou pelos filhos, mas a única resposta que obteve foi o silêncio. A angústia tomou conta e, sem conseguir entrar, pediu a ajuda de um chaveiro.
O que estava por trás da porta era um cenário angustiante. Seus filhos, de apenas 5 e 9 anos, se encontravam em um estado de desespero, espumando pela boca, vítimas de uma insidiosa dose de Rivotril, aplicada pelo próprio pai, João Paulo. O mesmo homem que prometeu amor e proteção agora se tornava seu maior algoz.
Desesperada, Larice tentou alcançá-los, mas o pior ainda estava por vir. João Paulo, tomado por uma fúria incalculável, a atacou, desferindo facadas que quase a levaram à morte. “Toda esfaqueada”, foi a forma como ela se descreveu em um vídeo gravado após receber alta do hospital. Sua preocupação imediata não era com suas feridas, mas com a segurança dos filhos – uma prova do amor incondicional que, mesmo diante da dor extrema, nunca a abandonou.
Após a brutalidade do ataque, que deixou marcas físicas e emocionais profundas, Larice se viu rodeada por uma rede de apoio. Ela expressou gratidão em suas redes sociais, reconhecendo a rápida resposta das autoridades e o suporte inabalável de amigos e vizinhos. Mesmo depois de ter sido desfigurada pelas facadas, a certeza de que seus filhos estavam vivos was seu maior alívio.
A comunidade se mobilizou, e a vizinha Lucinete Mourão se tornou uma testemunha ocular do horror. “Foi uma covardia o que ele fez”, disse ela, e essas palavras ecoam não só na mente de Larice, mas também na de tantas outras mulheres que enfrentam a violência em silêncio. Lucinete ajudou Larice, estancando o sangramento e mostrando que a solidariedade pode surgir nos momentos mais sombrios.
João Paulo foi preso logo após o crime, e o desenrolar das investigações confirmou o horror daquela tarde. Ao ser levado à delegacia, ele confessou com uma frieza alarmante que a intenção era evitar que os filhos presenciassem a morte da mãe; uma lógica distorcida que só revelava a profundidade de sua traição.
Agora, Larice e seus filhos estão sob a proteção temporária da irmã, que veio do Maranhão para ajudá-los a se reerguer. A jornada para a recuperação — emocional e física — será longa e difícil, marcada por cicatrizes que vão além da pele. Mas o amor de uma mãe é uma força potente que pode superar até mesmo os momentos mais sombrios.
Esta não é apenas a história de uma mulher que sobreviveu a um ato de extrema violência, mas um lembrete poderoso sobre a resiliência, a luta e a importância da comunidade na busca pela justiça e pela cura. Enquanto Larice inicia sua jornada de recuperação, ela carrega consigo não apenas as feridas do passado, mas também a esperança de um futuro onde possa viver em segurança e paz ao lado de seus filhos. A luta contra a violência de gênero é uma luta de todos e Larice é um símbolo dessa batalha.
