Noroeste e Entorno
A gigante de ouro em Paracatu: como a Kinross transformou o Morro do Ouro no maior ativo aurífero do Brasil
A jornada da Kinross em Paracatu
Em 2005, a canadense Kinross Gold instalou-se no Morro do Ouro, em Paracatu, iniciando uma produção modesta de cerca de 170 mil onças anuais (≈ 5 t). Com forte aporte de capital — mais de US$ 1 bilhão até meados da década de 2020 —, a mineradora ampliou a capacidade para impressionantes 550–588 mil onças por ano (≈ 16–18 t), consolidando-se como a maior mina de ouro ao ar livre do Brasil e uma das maiores das Américas.
Investimentos e inovação operacional
Para manter a produção estável em 2023, a Kinross reservou cerca de US$ 145 milhões para o Brasil, com parte significativa para Paracatu. Além disso, investiu em tecnologias avançadas: desde a automação de perfuratrizes Pit Viper (autônomas) até a instalação de concentradores gravitacionais (Projeto Gravity), que prometem agregar 20 mil onças/ano extras com menor uso de reagentes. Equipamentos elétricos também foram incorporados, reduzindo custos em R$ 5,3 milhões e baixando emissões.
Geração de emprego e impacto local
A operação da Kinross representa 22% do PIB industrial do município, com cerca de 1.800 empregos diretos e mais de 4 mil indiretos — no total, quase 6 mil postos de trabalho. Isso a torna a principal fonte formal de renda na região, aquecendo ainda outros negócios locais.
Reconhecimento como bom lugar para trabalhar
Em julho de 2024, a Kinross foi certificada como “Great Place to Work” no Brasil. O reconhecimento se baseou em pilares como credibilidade, respeito e camaradagem — resultado de um ambiente que valoriza e motiva seus colaboradores.
Desafios socioambientais e controvérsias
Apesar dos avanços, a operação enfrenta acusações graves. Comunidades, ambientalistas e estudos apontam contaminação por arsênio — liberado na exploração e potencialmente ligado a casos de câncer em Paracatu. Em determinados córregos e solos da cidade, os níveis superam em dezenas de vezes os limites ambientais, gerando debate sobre segurança e saúde pública. A Kinross defende que o arsênio tem origem natural e historicamente se acumulou durante os períodos de garimpo anterior às grandes mineradoras.
