Por Tiago Amor, CEO da Lecom
Nos últimos anos, testemunhamos uma corrida global pela adoção da Inteligência Artificial. Plataformas, modelos e pilotos foram lançados com entusiasmo em todas as direções. O que não se esperava era o choque da realidade.
Um levantamento recente do MIT analisou mais de 300 projetos corporativos de IA. O dado é incômodo: 95% deles não geraram impacto financeiro mensurável, apenas 5% capturaram valor real. Não por limitação da tecnologia, mas pela forma como foi aplicada.
Em outras palavras: a IA não falhou. Nós falhamos.
Onde erramos?
O erro mais comum foi tratar a IA como fim em si mesma, encaixando-a em qualquer área sem conexão com processos ou com as dores reais do negócio.
Outros deslizes se repetem:
- Workflows frágeis, incapazes de sustentar o ganho prometido.
- Objetivos de negócio mal definidos.
- Investimentos em áreas mais “visíveis” (como marketing e vendas), quando o verdadeiro ROI estava no backoffice.
- O avanço da Shadow AI, quando equipes usam ferramentas por conta própria, sem governança ou visibilidade.
- No papel, parecia mágica. Na prática, desmoronou rápido.

A pergunta que muda tudo
Diante desse cenário, a pergunta certa não é: “Qual modelo de IA devo usar?”. E sim: “Qual problema real do meu negócio a IA pode resolver e potencializar?”
Quando a tecnologia é usada sem propósito, o resultado é frustração. Quando ela é aplicada de forma estratégica, conectada aos processos da empresa, o resultado é transformação.
O que precisamos aprender
Inovação não é correr atrás do hype.
Inovação é saber onde a onda faz sentido para o seu negócio.
Empresas que já colhem frutos estão entre os 5% que entenderam essa lógica: a IA não é protagonista isolada, mas parte de um ecossistema inteligente, no qual dados, automação e governança trabalham juntos para entregar valor real.

Empresas que já aprenderam a utilizar IA de modo estratégico
A Volkswagen conseguiu +156% de produtividade com automação de contratos no SAP; a JBS economizou 17 mil horas/ano com um agente inteligente para exportação de produtos; e o Itaú reduziu em 93% o tempo de atendimento ao integrar agentes inteligentes em sistemas legados. Esses exemplos comprovam que quando a IA é usada de forma integrada, os ganhos são concretos e de longo prazo.
O futuro da IA nos negócios
O desafio que temos pela frente não é apenas tecnológico. É cultural, estratégico e operacional. É compreender que a IA, sozinha, não resolve nada. Mas quando alinhada a processos inteligentes, ela deixa de ser promessa e se torna motor de resultados concretos.
É esse entendimento que vai separar quem cria valor de quem vira estatística.
O post 95% dos projetos de IA falham. O que está errado não é a tecnologia apareceu primeiro em Olhar Digital.