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15 meses depois, um acordo

A guerra na Faixa de Gaza iniciada com o mais violento ataque terrorista ao povo judeu desde o Holocausto, teve na resposta desproporcional israelense, um imenso custo humano e econômico para os palestinos. Os milhares de mortos somando ambos os lados, os 250 reféns sequestrados e as toneladas de edifícios destruídos comoveram o mundo. O sangrento conflito em múltiplas frentes foi televisionado e acompanhado em todos os continentes, promovendo uma divisão ideológica em vários países em razão de alianças regionais e do posicionamento político de suas lideranças. O acordo assinado hoje revela que a fadiga de meses de combate e a guerra midiática travada nas redes de televisão e as redes sociais, tornaram o prolongamento do conflito, insustentável para o lado mais forte. Pelo menos, por hora.

Muitos detalhes sobre as fases do cessar-fogo e as obrigações e deveres de cada lado ainda estão a ser divulgados, mas a estrutura central do acordo demonstra maiores vantagens ao Hamas em alguns aspectos. A primeira fase terá início a partir do dia 19 de janeiro e terá uma duração esperada de 42 dias. Esse momento contará com a libertação de 33 reféns israelenses, priorizando as crianças, mulheres, idosos e doentes. Segundo os dados mais recentes dos órgãos de inteligência israelenses, dos 94 reféns ainda sob a custódia do grupo terrorista em Gaza, 34 já estariam mortos. Essa libertação dos sequestrados é condicionada a libertação de 1000 prisioneiros palestinos em prisões israelenses, porém para que 9 reféns feridos sejam libertos nos primeiros dias, 110 prisioneiros com sentenças perpétuas devem ser colocados em liberdade. Os demais 27 reféns com vida figurarão em um segundo momento de troca, provavelmente na implementação da segunda fase do acordo.

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A paralisação das hostilidades é primordial para a evolução do acordo, mas também foi determinado que as forças militares israelenses devam se retirar das principais regiões do enclave palestino. A presença israelense continuará inicialmente em áreas fronteiriças com o Israel e o Egito, mas podendo diminuir com a evolução das conversas durante as fases 1 e 2. A expectativa é que depois de uma semana, civis desarmados possam retornar ao Norte da Faixa de Gaza, região mais populosa do território. Já a terceira fase será idealmente focada na reconstrução de Gaza, na qual países ocidentais e árabes se responsabilizariam a reerguer das cinzas cidades embaixo de escombros.

Os norte-americanos foram essenciais para que as negociações se concretizassem, seja a administração de saída ou de chegada. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comemorou os esforços de sua equipe diplomática em selar o acordo, dizendo que o objetivo norte-americano é de normalizar a relação de Israel com todos seus vizinhos árabes, especialmente a Arábia Saudita. Por outro lado, o futuro presidente, Donald Trump, disse que nada seria assinado se não fosse a presença e insistência de sua equipe de enviados especiais, finalizando sua fala de forma enfática, ressaltando que Gaza deixará de ser um refúgio para terroristas. 

As Nações Unidas, através do Secretário-Geral Antônio Guterres, se dizem aliviadas em poder aumentar o fluxo de ajuda humanitária aos palestinos vivendo em uma situação de miséria e desesperança. Do lado do Hamas, as novas lideranças comemoram o acordo como uma derrota para Israel, enquanto o presidente israelense, Isaac Herzog, valorizou os esforços diplomáticos que permitirão o retorno dos reféns à casa. Muitos agentes diplomáticos serão essenciais para assegurar e fiscalizar o cumprimento de todos os pontos determinados. A pressão interna para Netanyahu se mostrou além do tolerável, a ponto de obrigá-lo a aceitar um acordo pouco favorável para Israel. Com a chegada de Trump ao salão oval dentro de uma semana, aquilo que parece histórico e aliviador hoje, poderá ser apenas uma estratégia de guerra amanhã.

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